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NOVA ESCOLA SÃO PAULO

Bissau, Guiné-Bissau / 2010 / 1º prêmio / concurso público de arquitetura / construído

 

Autores: Arq. Bruno Giugliani, Arq. Cíntia Gusson Etges, ARq. Karen Bammann, Arq. Pablo Montero Merino

Mais que uma solução formal concreta, propomos uma arquitetura que seja terminantemente capaz de efetivar a oportunidade que estabelece a proposta de concurso: uma escola para Guiné-Bissau. Um espaço construído que, como mencionado no edital, favoreça a educação integral, comunitária e o desenvolvimento sustentável.

 

Lugar

A proposta trata de oferecer uma nova construção para a comunidade do bairro São Paulo, tendo em vista uma grande sensibilidade para o contexto local. O projeto ocupa o terreno de forma cuidadosa, buscando estabelecer novas relações com o informal e disperso modelo urbano do entorno imediato. Permite-se também intuir soluções para um futuro planejamento territorial. As características ambientais específicas encontram consonância nas soluções formais, buscando adequar o projeto ao meio onde está inserido. As necessidades de conforto foram solucionadas tendo em vista os recursos naturais renováveis, disponíveis na região, valendo-se ao máximo de sistemas passiveis a uma paisagem rural. 

Programa

Para atender o programa de necessidades solicitado pela comunidade optamos por um conjunto de peças ao invés de um único edifício, permitindo assim um maior dinamismo dos espaços, além de uma melhor movimentação de ar entre as edificações. O conjunto abraça uma praça central, um grande vazio que tem o poder de orientar e agragar identidade a escola. As edificações foram posicionadas sobre uma plataforma, que não só às protege de alagamento, mas confere um caráter destacado ao programa, indispensável a um equipamento público. Cada uma das peças abriga funções específicas e permitem intuir isso através da forma. As salas de aula abrigam a atividade fim da escola, permitem menos distração com as zonas comuns e se valem de ventilação cruzada para manter o conforto interno. A sala multiuso, assim como as salas de aula, permitem introspecção. Possuem além da biblioteca uma pequena arquibancada em forma de circulo, escavada no solo, possibilitando uma série de usos distintos. O volume da administração e secretaria cumpre funções técnicas e ainda da abrigo a um depósito geral para manutenção da escola e da acesso externo a um possível gerador a óleo, conforme exigência do programa. Ao sul estão a cantina e os sanitários, compartilhando as únicas instalações do complexo, possuem água encanada e rede de esgoto conectada a um sistema biológico de tratamento de resíduos, localizado na parte de fora. Por fim, sobre a mesma cobertura, estão as oficinas, são três espaços francamente flexíveis, possibilitando indeterminados usos. Cada oficina está separada da outra por divisórias em tecidos típicos, que por sua vez poderão ser recolhidos para a ampliação da área. Área esta que orienta sua maior face privilegiadamente diante da praça, possibilitando uma ampliação quase infinita do espaço, sugerindo solução para eventos maiores e genéricos, que abranjam a comunidade exterior a escola.

Função

A grande função que norteia o projeto deve ser social. Proporcionar espaços ativos para o desenvolvimento das pessoas. Estabelecer dinamismo na relação das pessoas com as coisas ao redor delas. Proporcionar situações de encontro e sugerir segurança e aconchego. É notória a tradição de sentar-se em roda, e à mimese disso está o conjunto de edifícios propostos, dispersos ao redor de uma praça.  Alternando entre cheios e vazios, permitindo, em contraponto a especificidade dos espaços fechados, zonas de improviso e de surpresa. Essa humanidade intencional na distribuição das funções tem como objetivo maior incluir a comunidade, estabelecer as bases para o desenvolvimento humano e social.

Técnica

Para viabilizar a proposta conceitual tiveram grande ênfase às questões orçamentárias e de mão-de-obra.  Privilegiaram-se métodos construtivos amplamente difundidos na comunidade, e que fossem capazes de garantir uma boa e correta execução da obra. Materiais locais e de baixíssimo custo, como o adobe e a palha, tiveram preferência, não só pelo custo, mas também por apresentarem mínimo impacto ao ambiente e serem aptos a construção por mutirão. Os volumes, ainda que dispersos, apresentam um modelo estrutural básico, originário de uma modelo tripartido. Uma plataforma de concreto armado ergue os edifícios do solo sobre fundações de superadobe. É sobre ela que serão assentadas diretamente as alvenarias de adobe, que conformarão livremente os espaços sob uma cobertura independente. A cobertura adquire papel fundamental já que é onde têm lugar os impactos térmicos mais fortes e é para onde se translada a ênfase do desenho. Sobre a estrutura de madeira são apoiadas telhas metálicas, que possuem alto índice de reflexão dos raios solares e não são compostas de materiais de grande inércia térmica, o que, garantindo uma boa ventilação, impedem que o calor se mantenha no interior. A orientação dos frontões para o eixo leste/oeste, somadas a ventilações superiores e alvenarias baixas garantem a movimentação de ar necessárias.

Recursos mínimos para instalações são garantidos pelo poço de águas melhorado, uma cisterna para coleta e reaproveitamento da água das chuvas, e uma pequena estação de tratamento biológico de esgoto, o que permite fechar o ciclo de águas do projeto.

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